Valência bate o Barcelona e conquista a Copa do Rei pela 8ª vez em sua história

Sem Luis Suárez, o Barcelona não teve criatividade ofensiva e foi surpreendido por um Valência brigador e de qualidade.

A partida começou com a equipe de Ernesto Valverde comandando a posse de bola e buscando furar o bloqueio armado por Marcelino Toral. O técnico do Valência foi à campo preparado para se defender e aproveitar as chances que tivesse em contra-ataques, mostrando isso logo no início da partida.

Ainda nos primeiros minutos, quando Lenglet escorregou na defesa e errou o passe para o companheiro de zaga, Rodrigo avançou e driblou o goleiro antes de tocar para o gol, mas Piqué conseguiu chegar a tempo de tirar a bola em cima da linha, com um carrinho. O Barcelona seguiu com maior posse de bola, como foi durante todo o jogo, mas o adversário sempre mostrava estar pronto para surpreender com respostas em velocidade.

Sem um atacante, Semedo chegava sempre para apoiar o ataque, e Sergi Roberto formou o meio de campo ao lado de Arthur, Rakitic e Busquets. Com isso, a equipe acabou ficando muito dependente do individualismo de seu camisa 10, pois não havia muita movimentação dentro da área ou ao seu redor.

Muito marcado, Lionel Messi tentava abrir espaços sem muito sucesso, já que era travado no segundo ou terceiro defensor se buscasse os dribles. Além da marcação dupla ou tripla pra cima do argentino, sempre com Parejo na sua cola, Marcelino Toral também garantiu que Daniel Wass não saísse de perto do brasileiro Philippe Coutinho, que mais uma vez não teve protagonismo.

Assim, em resposta a uma tentativa de Messi, Kevin Gameiro abriu o placar aos 21 minutos da primeira etapa, quando Garay recebeu belo passe de Gabriel Paulista, nas costas de Nelson Semedo, e deu passe para o atacante francês driblar Jordi Alba e bater forte para marcar. Pouco mais de 10 minutos depois, Soler arrancou, ganhou do lateral esquerdo do Barça e levou para a linha de fundo para fazer o cruzamento pra Rodrigo aumentar a vantagem dos valencianos.

Mesmo chegando a 80% da posse de bola, o Barcelona somente conseguia criar oportunidades na individualidade de Messi, que arriscou um belo chute de fora da área para Doménech fazer grande defesa. Contudo, Philippe Coutinho parece que não vai se adaptar ao estilo Valverde e sem uma outra opção para o ataque, os bons meio campistas que a equipe tem não foram o suficiente para alcançar um gol.

MALCOLM MUDA O JOGO, BARCELONA PRESSIONA, MAS VALÊNCIA SEGURA VITÓRIA

Precisando reverter o placar de 2 a 0 para o adversário, Ernesto Valverde tirou Semedo, voltou com Sergi Roberto para a lateral e colocou Malcolm em campo, regressando para o 4-3-3 que o Barcelona costuma jogar. Além disso, o técnico espanhol tirou Arthur para a entrada de Vidal, visando uma chegada maior dentro da área do Valência. O time da Catalunha melhorou com as alterações, principalmente com a entrada do ex-jogador do Corinthians, pela direita, que entrou muito bem no jogo.

Apesar do crescimento dos blaugranas, os morcegos se mantiveram com uma postura defensiva sólida e não abdicaram dos contra-ataques, continuando a assustar a meta de Cillessen. Mas a etapa final foi de predominância do Barcelona, que teve sua melhor oportunidade quando Messi se aproximou de Malcolm e fez boa tabela com o brasileiro antes de driblar e, mesmo pressionado por três marcadores, bater de trivela tirando do goleiro: a bola bateu na trave. Na sobra, Vidal mandou por cima do gol sem goleiro.

Mas o Valência somente foi vazado depois que o principal marcador de Messi saiu em razão de uma contusão. No lugar de Parejo, entrou Kondogbia. E bastou o volante não estar presente ao lado de Messi para que o argentino marcasse o gol. A bola sobrou limpa para o argentino empurrar para as redes depois que Doménech não conseguiu segurar o cabeceio de Lenglet em cruzamento de Malcolm. Valverde ainda colocou o jovem Aleña no lugar de Rakitic, dando mais movimentação e velocidade para a equipe, mas o Valência conseguiu segurar o resultado de 2 a 1 e saiu do Benito Villamarín com a vitória e o título da Copa do Rei.

DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

Enquanto Marcelino Toral quebra jejum de 11 anos sem títulos do Valência em sua 2ª temporada no comando da equipe, Ernesto Valverde decepciona mais uma vez na Liga dos Campeões, perde título da Copa do Rei (competição que o Barcelona venceria pela 5ª vez consecutiva, sendo o time mais vezes campeão) e a torcida não deve engolir bem o único título do Campeonato Espanhol.

Depois de perder a classificação para a final da Liga dos Campeões em Anfield, na derrota para o Liverpool por 4 a 0, o mínimo que a torcida catalã esperava eram dois títulos, para amenizar a frustração de mais uma eliminação com goleada pela competição europeia. Entretanto, mesmo com toda a pressão que já era feita pela imprensa e torcida da Catalunha, o presidente do Barcelona segue com o discurso de que Ernesto Valverde é o treinador certo para a equipe, e Lionel Messi já deu sua permissão para que o espanhol siga no comando.

Mas as coisas serão difíceis na próxima temporada, e são os próprios torcedores que terão de pagar se os planos da diretoria não saírem como esperado. Além de ter se apoiado no individualismo de Lionel Messi durante toda a temporada, Ernesto Valverde desvalorizou e perdeu jogadores caros e importantes, como Philippe Coutinho e Samuel Umtiti.

Além disso, Dembélé é jovem e veloz, mas ainda está longe de ser um jogador de relevância dentro da equipe, e Lenglet não chega a comprometer mas também não é o defensor dos sonhos de um dos maiores clubes do mundo. Malcolm também não teve regularidade e pode deixar o clube, que também deve perder Ivan Rakitic, em razão de o croata estar nos planos da Inter de Milão. Mesmo assim, presidente e técnico do clube garantem que os planos para a próxima temporada já estão sendo traçados e novas peças importantes surgirão para ajudar o clube a entrar em uma nova fase.

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_{Foto de capa: Jogadores do Valencia celebram conquista da Copa do Rei (Pau Barrena/AFP)}