O que há no Santos de Jorge Sampaoli?

Onde está o segredo para o brilhantismo de uma equipe que chama a atenção de todos?

Comandante de um Santos que volta a encher os olhos de seu torcedor, desta vez não por uma estrela que surge na casa (mas em razão de um técnico que gosta de um futebol bem jogado e entende muito de estratégia tática), o argentino Jorge Sampaoli vem se destacando por trazer um estilo mais europeu para o futebol brasileiro.

O técnico do peixe costuma estabelecer seu estilo de jogo em todas as equipes por onde passa, e sua forma de organizar seus times chamam a atenção em razão da modernidade e ofensividade que seus comandados apresentam.

Desde quando iniciou sua carreira como treinador, no Bolognesi (Peru), até quando esteve conquistando títulos em seu auge com Univerdad de Chile e na Seleção Chilena, Jorge Sampaoli aposta, basicamente, em um jogo de posse, troca de passes por entre as linhas defensivas e pressão ofensiva sem a bola.

Dentre os vários macetes utilizados pelo argentino em suas equipes, assim como no Santos, se destaca a aproximação dos jogadores para trabalhar a bola sem rifar, desde a zaga, razão pela qual costuma jogar com um volante de marcação ou com um 3º zagueiro que saiba sair jogando bem com os pés. Com isso, Sampaoli solta seus laterais para apoiarem em todos os ataques e, ao mesmo tempo, fecha com uma linha de três possíveis contra-ataques dos adversários.

Além disso, o Santos movimenta muito seus atacantes, com os alas sempre aparecendo para receber mais à frente ou mesmo buscando as costas dos zagueiros para passes longos, o que flexibiliza as possibilidades de infiltração sobre a defesa adversária e dificulta a marcação.

E como se tudo isso não bastasse, parece que o comandante argentino não se destaca apenas taticamente. É que, por onde quer que o treinador tenha passado, seus elencos sempre foram quase totalmente aproveitados. Isso poderia tirar a confiança daqueles que deveriam ser titulares e manter uma estabilidade na equipe principal, mas a verdade é que, ao menos no Santos, o comandante está lidando bem com os seus jogadores, pois todos que entram correspondem às expectativas.

Com isso, Sampaoli ganha a vantagem de poder aproveitar as características de cada jogador para jogos que exijam posturas diferentes, surpreendendo o sistema tático adversário.

CARREIRA E CONQUISTAS DE JORGE SAMPAOLI

Tendo iniciado sua carreira como técnico pelo Coronel Bolognesi, do Peru, após grave lesão que o tirou do futebol prematuramente, Jorge Sampaoli começou por baixo e teve passagens curtas no início, passando por Sporting Cristal (Peru) e o pequeno O’Higgins, do Chile. Foi estudado e contratado pelo Emelec (Equador), em 2009, onde finalmente pôde ter uma certa sequência, chegando à conquista do seu primeiro título, como campeão do Campeonato Equatoriano.

Como fez bom trabalho pela equipe equatoriana, foi contratado pela Universidad de Chile em 2010, depois de a equipe ter sido eliminada logo na primeira fase da Copa do Chile, o que é como se o Santos perdesse na Copa do Brasil para o Altos, do Piauí, logo na primeira fase da competição. Mas com o argentino a realidade da equipe se transformou, pois acabou como campeão das outras duas competições nacionais da temporada 2010/11 (Liga Chilena Clausura e Liga Chilena Apertura).

Além disso, Jorge Sampaoli levou a Universidad de Chile ao título da Copa Sul-Americana logo em seu primeiro ano no comando da equipe, tendo passado por equipes tradicionais da América do Sul, como o Nacional (Uruguai), Vasco nas semifinais e Flamengo ainda nas oitavas, com uma goleada por 4 a 0 em pleno Maracanã.

Na época, o elenco do Flamengo contava com ninguém menos que Ronaldinho Gaúcho, além do atacante goleador, Deivid, e o meia Thiago Neves. Na temporada seguinte, apesar de ter ficado pelo caminho na Liga Clausura e na Copa do Chile, foi campeão da Liga Abertura pela segunda vez consecutiva.

Na Copa Libertadores a Universidad de Chile foi muito bem: se classificou em primeiro na fase de grupos; conseguiu uma classificação heroica nas oitavas de final quando, depois de perder por 4 a 1 jogando fora de casa contra o Deportivo Quito (Equador), venceu por 6 a 0 no Chile e passou com um agregado de 7 a 4; e só perdeu na semifinal para o Boca Juniors, que garantiu a classificação em casa na vitória por 2 a 0, e se segurou bem fora de casa, mantendo um 0 a 0.

SELEÇÕES E SECA DE TÍTULOS

Num total de 79 jogos, Jorge Sampaoli venceu 51 partidas com a Universidad de Chile e conquistou diversos títulos, o que o levou a deixar o clube em 2013 para assumir a Seleção Chilena, com a qual conquistou a Copa América após vencer a Argentina de Lionel Messi na final, seleção que vinha de goleada por 6 a 1 na semifinal.

Apesar de não ter vencido nada com o Sevilla, se classificou na Liga dos Campeões em grupo com Juventus e Lyon, mas caiu logo nas oitavas para o Leicester City. No Campeonato Espanhol ficou na 4ª colocação e classificou o clube para a Liga dos Campeões da temporada 2017/18.

Em 2017 chegou para comandar a despedaçada Seleção Argentina, a qual comandou por apenas 11 jogos, tendo vencido seis partidas. Nessa curta passagem, Sampaoli disputou a Copa do Mundo da Rússia junto com Lionel Messi, mas nenhum dos dois foi capaz de salvar a Argentina da inevitável desclassificação, apesar de terem chegado às oitavas de final e perdido por 4 a 3 daquela que se sagraria campeã, a França.

Sem mais ter conquistado título, o argentino assinou com o Santos para levar a equipe aos títulos e, futuramente, quem sabe, se reestabelecer na América do Sul e voltar ao topo.

.

_{Foto de capa: Jorge Sampaoli durante a vitória do Santos sobre o Vasco (Marcos Ribolli)}